Por Fernanda Araujo

Após várias denúncias contra o vereador Agamenon Sobral (PP), realização de Boletins de Ocorrência e pedido de quebra de decoro por alguns parlamentares e profissionais de enfermagem, a vez de pedir cassação do mandato agora foi do próprio parlamentar. Na sessão desta terça-feira (17), Agamenon afirmou que vai entrar com quebra de decoro contra o vereador e professor Iran Barbosa (PT) e já solicitou à Comissão de Ética.

Segundo Agamenon, Iran quebrou o decoro quando foi incentivar manifestantes na Câmara contra ele, de acordo com o artigo 7, inciso primeiro do regimento interno. A manifestação citada se refere a última terça-feira, dia 10, quando mulheres e homens de vários segmentos sociais foram às ruas e ocuparam as galerias da Casa contra as suas supostas declarações consideradas preconceituosas à respeito de enfermeiras, professores e médicos.

“Tenho fotos, vídeo, onde ele estava incentivando os manifestantes nessa Casa e isso não é permitido. Ele estava lá naquele movimento, ele foi até à galeria, tenho fotos tanto na galeria quanto na porta. Na verdade, a oposição através do professor Iran, imaginou que chegaria aqui e iria tomar conta dessa Casa, mas a coisa aconteceu ao contrário. Comecei a fazer as minhas denúncias. Ele faz parte de uma categoria, essa categoria é uma das quais eu resolvi bater de frente porque ao meu ver o ensino público está na lama porque essa categoria o colocou, e ele como foi eleito com a maioria de votos dessa categoria, precisa defendê-la. Ele defende a parte dele e eu defendo o filho do pobre que precisa de uma escola pública de qualidade”, disse Agamenon.

Mas Iran rebateu com críticas, afirmando que a ação do vereador é falta do que fazer. “O vereador Agamenon anunciou que vai acionar a comissão de ética porque eu fui dialogar com manifestantes que estava aqui nas galerias da casa. Ele vai ter que entrar várias vezes porque eu sou um representante do povo aqui nessa casa. Fui eleito por entidades que se organizam na sociedade e que tem meu apoio nas lutas que fazem. Tenho uma relação muito estreita com os movimentos sociais e sindicais. Isso é da natureza do meu perfil porque sou militante do movimento social e o vereador deveria procurar o que fazer”, rechaçou.

Pra Iran Barbosa, Agamenon precisa mostrar ao povo de Aracaju quais são os verdadeiros projetos que ele tem feito e qual a contribuição, por exemplo, para os debates dos projetos que tramitam na casa, ao invés de inventar factóides.“Estive apenas na galeria porque fui instado a estar lá, houve uma denúncia de que havia tratamento inadequado para os manifestantes que lá se encontravam. Fui lá sim, quando cheguei, os próprios manifestantes alegaram que não havia nenhum tipo de tratamento sendo ofertado a eles, apenas uma orientação de que eles não ficassem no parapeito”, esclarece.

Iran o apontou ainda o responsável por quebrar permanentemente o decoro parlamentar. "Ele pode entrar, mas ele vai ter que incluir que eu não fiquei só na galeria, fui ao movimento, peguei o microfone e declarei meu apoio ao movimento, até mesmo na tribuna tenho dito a que ele não tem um comportamento compatível com o mandato de vereador quando usa expressões de baixo calão para se dirigir a secretários, governantes, a dirigentes do movimento sindical. Ele pode ficar a vontade, mas vai ter que entrar com muitas ações porque vou continuar aqui dentro e lá fora dialogando com todos os movimentos sociais.

Segundo o vereador Emmanuel Nascimento, integrante da Comissão de Ética, a comissão vai avaliar com tranquilidade a denúncia do vereador Agamenon Sobral. “Ele tem o direito e nós temos que ter serenidade para avaliar”. Sobre denúncias contra Agamenon “até agora só recebemos as denúncias de Lucimara, que, segundo ela, foi chamada de corrupta há alguns meses atrás. O presidente designou Manuel Marcos para ser o relator e estamos esperando o relatório para poder avaliar e vota. Quanto aos médicos e enfermeiras ( denúncias da presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Flávia Brasileiro) ainda não chegou nada”. De acordo com Agamenon até o momento não foi comunicado e nem intimado a depor. "Estou aguardando para poder apresentar meu parecer e minhas provas”, disse.