Lei de Inclusão não pode ser mais uma entre tantas, diz Lucas Aribé | F5 News - Sergipe Atualizado

Lei de Inclusão não pode ser mais uma entre tantas, diz Lucas Aribé
Norma traz conquistas, mas preconceitos precisam ser quebrados
Política 26/02/2016 12h45 |


Por Fernanda Araujo

A Lei Brasileira da Inclusão entrou em vigor desde o começo deste ano e pretende mudar a concepção de deficiência no país. O Estatuto da Pessoa com Deficiência é uma conquista significativa para essa parcela que corresponde 6,2% da população brasileira, segundo o IBGE, seja com deficiência auditiva, visual, física e intelectual. A lei foi discutida na manhã desta sexta-feira (26), no auditório do Tribunal de Justiça de Sergipe, por intermédio do Instituto Lucas e Mariana Aribé de Acessibilidade para a Inclusão Social de Pessoas com Deficiência.

“Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança”, foi com essa mensagem de 1964 do Estatuto do Homem, poesia de Thiago de Mello, que o vereador Lucas Aribé abriu o seminário afirmando que a lei da inclusão não pode ser mais uma entre tantas.

“Ela tem que ser realmente cumprida, fiscalizada, e nós temos papel fundamental, não só as pessoas com deficiência, mas também todos aqueles que acreditam na inclusão, que são agentes da inclusão, que praticam no dia a dia, precisa do empenho de todos, união entre setores e sociedade civil, instituições que defendem o direito”, diz Aribé. Para o vereador, é preciso respeito às pessoas com deficiência e que o povo entenda que deficiente não é incapaz.  

“Temos valor e temos muito a oferecer, a deficiência está na sociedade, no meio que vivemos, nas barreiras que temos que enfrentar diariamente, e se não tiver atitude importante para quebrar o preconceito, a discriminação, não vamos superá-las”, acredita. A lei, de acordo com o vereador, amplia o direito de garantia e muda o próprio conceito da pessoa com deficiência. O Código Civil elimina o termo incapaz e inválido, além de impor sanções às instituições que recusarem adaptação à pessoa com deficiência. Ele reforça ainda a necessidade de incluí-lo no mercado de trabalho em ambiente laboral acessível pleno.

“São séries de mudanças que representam novos horizontes, novas oportunidades a que até então não havia acesso. O setor empresarial deve cumprir lei de cotas, mas o índice é baixo, 0,7% dos trabalhadores têm deficiência, muita gente ainda está sem oportunidade de trabalho, essa é a maior dificuldade”, ressalta Lucas Aribé.

O conferencista Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, primeiro deficiente visual a ocupar o cargo de desembargador federal do Trabalho no TRT da 9º Região em Curitiba (PR), relembrou o histórico sofrido de deficientes físicos que lutaram ao longo dos anos para terem seus direitos garantidos. Tempos da Idade Média em que os deficientes eram segregados em asilos e hospitais, surdos que eram confundidos com pessoas com deficiência mental; rituais indígenas que matavam crianças nascidas com algum tipo de deficiência física; atualmente, países que autorizam aborto a fetos deficientes são alguns dos casos citados pelo desembargador.

As pessoas com deficiência são vistas até hoje, no mundo, como pessoas incapazes, que não conseguem viver em sociedade. Tudo isso acarreta na segregação natural, as crianças com deficiência ficam em escolas especiais, o Estado de diversos países não cuida da matéria porque afinal a deficiência é problema da família e da criança”, observa Fonseca.

E as dificuldades são inúmeras para essa parcela da população. Segundo o desembargador, direitos de ir e vir não são cumpridos, já que as cidades brasileiras não possuem transportes acessíveis. Para ele, o deficiente auditivo, por exemplo, não têm liberdade de expressão fora da comunidade surda, entre outros problemas.

“O direito à informação não é plena aos cegos, quando os canais de TV não têm sistema de áudio descrição, por exemplo, é sonegada aos surdos também.  Não basta apenas declarar que todos são iguais perante a lei, é importante sim, mas é necessário que o direito, a legislação evolua, crie mecanismos para que os deficientes tenham efetivamente seus direitos”, acrescenta.

Fotos: Fernanda Araujo

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